Pescadores dos municípios de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá (AC), serão treinados para realizar o manejo sustentável do pirarucu e de outras espécies de peixes de grande importância na economia regional, como o surubim e o tambaqui. A ação, que pretende promover o aprimoramento de políticas e a implementação de medidas que permitam valorizar os ecossistemas aquáticos e seus recursos pesqueiros, é parte do Projeto Pesca Sustentável, lançado em abril pelo WWF-Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Amazônia.
Com duração de três anos, o Projeto Pesca Sustentável deve fomentar ações estruturantes para o fortalecimento da cadeia produtiva da pesca, assim como apoiar ações de certificação ambiental e pagamentos por serviços ecológicos.
A inciativa atuará em conjunto com órgãos parceiros, o Governo do Acre e as colônias de pescadores locais, em uma área de 60 mil km² das bacias dos Rios Purus, Envira e Tarauacá, além dos mais de 15 lagos na região destes municípios.
As ações visam avaliar os impactos do atual modelo de gestão da pesca na região e sua cadeia produtiva na geração de renda e serviços ecológicos. Para tanto, 60 pescadores locais serão treinados para manejar o pirarucu e as outras espécies de forma ambientalmente adequada, e 300 famílias ribeirinhas participarão do sistema de vigilância comunitária dos lagos, assegurando a sobrevivência dos peixes, o repovoamento e consequente aumento da produtividade dos lagos manejados, e o crescimento da renda das comunidades locais.
Valorização das boas práticas pesqueiras
A pesca é uma das mais tradicionais e importantes atividades extrativistas na Amazônia, representando a principal fonte de proteína na alimentação das comunidades locais. Apesar de ser praticada pelos indígenas desde o período pré-colombiano, somente nas últimas décadas do século XX começaram a ocorrer os primeiros sinais de esgotamento de espécies como o tambaqui, a piramutaba e o pirarucu, que devido ao seu elevado valor econômico, tem sido alvo da pesca comercial predatória e é reconhecido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como espécie ameaçada de extinção.
Nos últimos 20 anos há uma tendência comercial e mercadológica crescente de supressão de produtos que tenham sido produzidos ilegalmente e/ou de forma insustentável, e consequentemente promover os que possuem origens sustentáveis. Neste contexto, o projeto busca não somente apoiar ações de manejo pesqueiro como também dar suporte a pré-avaliações para obtenção da certificação do Marine Stewardship Council (MSC) do pirarucu no estado do Acre.
A certificação MSC atesta que peixes e frutos do mar estão dentro de padrões determinados de sustentabilidade e rastreabilidade, levando em consideração a procedência e manejo dos estoques e o impacto ambiental causado pela atividade pesqueira. Além de ser um reconhecimento aos produtores que utilizam práticas sustentáveis de pesca, aumenta o valor comercial do pescado e garante aos consumidores que os produtos adquiridos vêm de uma fonte bem gerida e sustentável. A certificação tem validade de cinco anos, mas a atividade pesqueira é checada anualmente para assegurar que as boas práticas de manejo continuam sendo aplicadas.
Manejo do pirarucu
O modelo desenvolvido para o pirarucu pode ser considerado um bom exemplo de sistema de gestão comunitária que cumpre os requisitos para a certificação.
Conhecido como o “bacalhau da Amazônia”, sua carne tenra, praticamente sem espinhas, é muito apreciada. Quando adulto, seu comprimento varia de 2 a 3 metros e pesa de 100 a 200 kg, sendo considerado um dos maiores peixes de água doce do planeta.
Além do uso na alimentação, o couro e as escamas do pirarucu também são usados no revestimento de camisas, calças, calçados, bolsas e outros acessórios, possuindo alto valor agregado. Suas escamas podem ser aproveitadas na confecção de ornamentos ou como lixa de unha, e sua língua áspera é muito usada para ralar o guaraná em bastão.
Como forma de preservação da espécie – cujo comércio anual já registrou desembarques acima de um milhão de quilos de filés secos e salgados, mas viu seus estoques serem reduzidos na década de 1960 –, o Ibama instituiu normativas que proíbem sua pesca, transporte e comercialização durante todo o ano, exceto em locais onde há sistemas de manejo aprovados pelo órgão.
O pirarucu tem características que o tornam adequado para a gestão comunitária: é um peixe sedentário, que habita lagos de várzea, e vem à superfície para respirar em intervalos regulares; e os casais cuidam dos filhos até quatro a seis meses após a desova. Pesquisadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas, desenvolveram uma técnica simples de monitoramento que aproveita estas características biológicas da espécie, permitindo que os pescadores possam fazer estimativas confiáveis do número de peixes adultos e jovens em um lago, usando estes números para determinar as cotas de capturas sustentáveis, além de incluir uma margem para o crescimento contínuo da espécie.
Recentemente, o Ibama regulamentou o manejo do pirarucu com base no sistema de gestão desenvolvido pela equipe do Mamirauá. Estes regulamentos possibilitaram o manejo sustentável de pirarucu em unidades de conservação e áreas com acordos de pesca formais. O transporte do pescado exige um documento de trânsito e cada unidade de pirarucu é identificada para registrar sua origem e assegurar que as quantidades comercializadas são as mesmas que a cota definida a partir da contagem e autorizada pelo Ibama.
Com o apoio do WWF-Brasil, foram criados três grupos de manejo nos municípios de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, no Acre, envolvendo 60 pescadores registrados para a realização das estimativas das populações da espécie e a implementação de boas práticas de manejo, de forma a fortalecer a cadeia produtiva da pesca e promover a obtenção da certificação MSC do pirarucu na região.
Com duração de três anos, o Projeto Pesca Sustentável deve fomentar ações estruturantes para o fortalecimento da cadeia produtiva da pesca, assim como apoiar ações de certificação ambiental e pagamentos por serviços ecológicos.
A inciativa atuará em conjunto com órgãos parceiros, o Governo do Acre e as colônias de pescadores locais, em uma área de 60 mil km² das bacias dos Rios Purus, Envira e Tarauacá, além dos mais de 15 lagos na região destes municípios.
As ações visam avaliar os impactos do atual modelo de gestão da pesca na região e sua cadeia produtiva na geração de renda e serviços ecológicos. Para tanto, 60 pescadores locais serão treinados para manejar o pirarucu e as outras espécies de forma ambientalmente adequada, e 300 famílias ribeirinhas participarão do sistema de vigilância comunitária dos lagos, assegurando a sobrevivência dos peixes, o repovoamento e consequente aumento da produtividade dos lagos manejados, e o crescimento da renda das comunidades locais.
Valorização das boas práticas pesqueiras
A pesca é uma das mais tradicionais e importantes atividades extrativistas na Amazônia, representando a principal fonte de proteína na alimentação das comunidades locais. Apesar de ser praticada pelos indígenas desde o período pré-colombiano, somente nas últimas décadas do século XX começaram a ocorrer os primeiros sinais de esgotamento de espécies como o tambaqui, a piramutaba e o pirarucu, que devido ao seu elevado valor econômico, tem sido alvo da pesca comercial predatória e é reconhecido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como espécie ameaçada de extinção.
Nos últimos 20 anos há uma tendência comercial e mercadológica crescente de supressão de produtos que tenham sido produzidos ilegalmente e/ou de forma insustentável, e consequentemente promover os que possuem origens sustentáveis. Neste contexto, o projeto busca não somente apoiar ações de manejo pesqueiro como também dar suporte a pré-avaliações para obtenção da certificação do Marine Stewardship Council (MSC) do pirarucu no estado do Acre.
A certificação MSC atesta que peixes e frutos do mar estão dentro de padrões determinados de sustentabilidade e rastreabilidade, levando em consideração a procedência e manejo dos estoques e o impacto ambiental causado pela atividade pesqueira. Além de ser um reconhecimento aos produtores que utilizam práticas sustentáveis de pesca, aumenta o valor comercial do pescado e garante aos consumidores que os produtos adquiridos vêm de uma fonte bem gerida e sustentável. A certificação tem validade de cinco anos, mas a atividade pesqueira é checada anualmente para assegurar que as boas práticas de manejo continuam sendo aplicadas.
Manejo do pirarucu
O modelo desenvolvido para o pirarucu pode ser considerado um bom exemplo de sistema de gestão comunitária que cumpre os requisitos para a certificação.
Conhecido como o “bacalhau da Amazônia”, sua carne tenra, praticamente sem espinhas, é muito apreciada. Quando adulto, seu comprimento varia de 2 a 3 metros e pesa de 100 a 200 kg, sendo considerado um dos maiores peixes de água doce do planeta.
Além do uso na alimentação, o couro e as escamas do pirarucu também são usados no revestimento de camisas, calças, calçados, bolsas e outros acessórios, possuindo alto valor agregado. Suas escamas podem ser aproveitadas na confecção de ornamentos ou como lixa de unha, e sua língua áspera é muito usada para ralar o guaraná em bastão.
Como forma de preservação da espécie – cujo comércio anual já registrou desembarques acima de um milhão de quilos de filés secos e salgados, mas viu seus estoques serem reduzidos na década de 1960 –, o Ibama instituiu normativas que proíbem sua pesca, transporte e comercialização durante todo o ano, exceto em locais onde há sistemas de manejo aprovados pelo órgão.
O pirarucu tem características que o tornam adequado para a gestão comunitária: é um peixe sedentário, que habita lagos de várzea, e vem à superfície para respirar em intervalos regulares; e os casais cuidam dos filhos até quatro a seis meses após a desova. Pesquisadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas, desenvolveram uma técnica simples de monitoramento que aproveita estas características biológicas da espécie, permitindo que os pescadores possam fazer estimativas confiáveis do número de peixes adultos e jovens em um lago, usando estes números para determinar as cotas de capturas sustentáveis, além de incluir uma margem para o crescimento contínuo da espécie.
Recentemente, o Ibama regulamentou o manejo do pirarucu com base no sistema de gestão desenvolvido pela equipe do Mamirauá. Estes regulamentos possibilitaram o manejo sustentável de pirarucu em unidades de conservação e áreas com acordos de pesca formais. O transporte do pescado exige um documento de trânsito e cada unidade de pirarucu é identificada para registrar sua origem e assegurar que as quantidades comercializadas são as mesmas que a cota definida a partir da contagem e autorizada pelo Ibama.
Com o apoio do WWF-Brasil, foram criados três grupos de manejo nos municípios de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, no Acre, envolvendo 60 pescadores registrados para a realização das estimativas das populações da espécie e a implementação de boas práticas de manejo, de forma a fortalecer a cadeia produtiva da pesca e promover a obtenção da certificação MSC do pirarucu na região.
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